sábado, 18 de fevereiro de 2017

Quantos são os caminhos para Deus?

Por David Langness.


Quantos são os caminhos para Deus? Há tantos caminhos para Deus quantas as almas na Terra. (Rumi)
Provavelmente, a maioria das pessoas concordará que cada um de nós molda o seu próprio caminho para Deus, tal como Rumi sugeriu. Além disso, a maioria também concordará que os muitos e diversificados caminhos religiosos têm, pelo menos, alguma validade.

Mas nem toda a gente pensa assim. Algumas pessoas discordam profundamente, afirmando que a sua religião - ou o seu caminho particular - é o único caminho para alcançar a salvação, ou a espiritualidade, ou qualquer verdadeira iluminação; e acrescentam que todos os outros caminhos para Deus são falsos.

E o leitor? Em qual dessas perspectivas acredita?

Se você favorecer a perspectiva de Rumi, então é o que se chama pluralista religioso. Pode nunca ter ouvido nunca a expressão ou pensado em si nesta forma; mas veja estas definições de pluralismo para ver se elas reflectem aquilo que pensa e acredita:
Pluralismo: Vários grupos étnicos, religiosos, etc. coexistindo numa nação ou sociedade.

Pluralismo religioso: Uma perspectiva da fé geralmente caracterizada pela humildade em relação ao nível de verdade e eficácia da própria religião, e aos objectivos de diálogo respeitoso e compreensão mútua com outras tradições.
Ultimamente, os filósofos e os teólogos tendem a agrupar cada vez mais as pessoas de fé em três categorias distintas de crença: pluralistas, exclusivistas e inclusivistas.

O autor britânico e teólogo anglicano Alan Race, apresentou este conceito de três categorias em 1983. Sendo um conhecido defensor do entendimento e das actividades inter-religiosas, escreveu:
Os estudos religiosos estão a corrigir as nossas visões estereotipadas sobre as outras religiões; o princípio ético de respeito nas relações com os nossos vizinhos exige que aprendamos com as outras religiões; o diálogo abre a porta para uma "comunhão crítica" com outras religiões...
Então, antes de explorarmos esta nova ideia, vamos definir o que significam as duas outras abordagens de fé:

Exclusivista: pessoa religiosa que acredita que apenas um conjunto de crenças, ou práticas, pode ser, em última instância, verdadeira ou correcta, e todas as outras estão erradas.

Inclusivista: pessoa religiosa que acredita que um conjunto de crenças é absolutamente verdadeiro, mas que outros são, pelo menos, parcialmente verdadeiras.

Resumindo:

  • Se você acredita que a sua religião é a verdade absoluta e que todas as outras são falsas, você é um exclusivista.
  • Se você acredita que sua religião é a mais verdadeira, mas que as outras também possuem alguma verdade, você é um inclusivista.
  • Se você acredita que sua religião é verdadeira, mas não a fonte exclusiva da verdade, e que as múltiplas crenças religiosas podem e devem coexistir no mundo, você é um pluralista.

Como é que o leitor se classifica?

Os Bahá’ís são pluralistas - na verdade, os Bahá’ís vão além do pluralismo religioso. Os ensinamentos Bahá’ís transcendem a tolerância e o pluralismo e defendem a unidade religiosa:
O princípio fundamental enunciado por Bahá'u'lláh - acreditam firmemente os seguidores de Sua Fé - é que a verdade religiosa não é absoluta, mas relativa; que a Revelação Divina é um processo contínuo e progressivo; que todas as grandes religiões do mundo têm origem divina; que os seus princípios básicos estão em completa harmonia; que os seus objectivos e propósitos são um e o mesmo; que os seus ensinamentos são apenas facetas de uma verdade; que as suas funções são complementares; que diferem apenas nos aspectos não essenciais das suas doutrinas; e que as suas missões representam etapas sucessivas na evolução espiritual da sociedade humana. (Shoghi Effendi, The Baha’i Faith – The World Religion, A Summary of Its Aims, Teachings and History, presented to the United Nations, 1947)
Os Bahá’ís não pensam apenas na religião de forma pluralista - eles pensam na religião como uma entidade única, como um fluxo contínuo de revelação, como "facetas de uma verdade:"
As religiões divinas devem ser motivo de unidade entre os homens e instrumentos de unidade e de amor; devem promulgar a paz universal, libertar o homem de todo o preconceito, dar alegria e regozijo, exercitar bondade para com todos os homens e acabar com todas as diferenças e distinções. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, #13)
Mas como podem as várias religiões - tantas vezes em desacordo umas com as outras - tornar-se sempre "motivo da unidade entre os homens" e "acabar com todas as diferenças e distinções?"

Nesta série de ensaios sobre o pluralismo religioso, vamos ver como os ensinamentos Bahá’ís se propõem resolver este antigo dilema humano.

-----------------------------
Texto original: How Many Paths to God? (www.bahaiteachings.org)

Artigo seguinte: Estaremos a viver num Mundo “Pós Verdade”?

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

Sem comentários: