sábado, 11 de outubro de 2014

6 Lições Importantes do Prémio Nobel da Paz

Por Homa Sabet Tavangar.


Esta manhã, enquanto esperava que o meu café aquecesse, tive um sobressalto ao ler as notícia no meu telemóvel quando vi o título “Malala Yousafzay e Kailash Satyarthi recebem Prémio Nobel da Paz”. Fiquei com o coração aos saltos e senti que o meu cérebro quase já não precisava de café. Isto é fantástico. E quem é o Kailash não-sei-quantos?

Malala Yousafzay recebida na Casa Branca pelo Presidente Obama
Li rapidamente a notícia e fiquei a saber mais alguma coisa sobre os vencedores e porque motivo ambos constituem uma escolha ponderada pelo Comité Nobel norueguês. É também um fantástico momento de aprendizagem, um estudo de contrastes que demonstra que o mundo tem, de facto, capacidade para a paz, apesar dos títulos das notícias que usualmente apontam o contrário.

Leia-se todo o anúncio do Prémio Nobel da Paz para compreender a ideia por detrás da escolha. Explica-se que o prémio vai para "Kailash Satyarthi e Malala Yousafzay pela sua luta contra a supressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação. O Comité Nobel ... considera isso como um aspecto importante para um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa,juntarem-se numa luta comum pela a educação e contra o extremismo".

Esta escolha tem seis lições importantes para reflectir sobre os ingredientes da paz:

1.   Todas as idades podem causar impacto: Aos 17 anos, Malala é a mais jovem vencedora do Prémio Nobel da Paz por décadas. (O vencedor mais jovem seguinte do Prémio Nobel da Paz foi a iemenita Tawakkol Karman, que tinha 32 anos na época, também muçulmana, mulher, e do Médio Oriente). O sr. Satyarthi tem 60 anos de idade. Com idade suficiente para ser avô de Malala, ele passou décadas num serviço paciente e protesto pacífico pelos direitos das crianças na tradição de Gandhi.

2.   Mulheres e homens devem trabalhar juntos: quando homens e mulheres trabalham juntos para promover a paz, a educação e os direitos de todos, todos nós nos beneficiamos. São como as duas asas de um pássaro que se complementam, trabalhando em conjunto para a humanidade voar mais alto. Com o encorajamento do seu pai, Malala estabeleceu a sua voz em nome dos direitos da educação das meninas, e tem voado cada vez mais alto desde então. 
O mundo da humanidade tem duas asas - uma são as mulheres e a outra são os homens. Só quando ambas as asas estiverem igualmente desenvolvidas, o pássaro poderá voar. Se uma asa continuar fraca, é impossível voar. Só quando o mundo das mulheres se tornar igual ao mundo dos homens na aquisição de virtudes e perfeições, podem o sucesso e a prosperidade ser alcançados como deveriam ser. (’Abdu’l-Bahá, A Compilation on Women, pp. 8)
3.   Respeitar a diversidade de religiões: como salienta a declaração Prémio Nobel da Paz, os dois laureados são hindu e muçulmana, trabalhando para objetivos semelhantes, de forma pacífica. Durante décadas, os extremistas e os líderes lutaram uns contra os outros, mas nunca falaram em nome de muitas pessoas.

4.   Respeitar a diversidade de nacionalidades: apesar de vizinhos (e por vezes, parentes), indianos e paquistaneses têm estado envolvidos em conflitos durante décadas. Mais uma vez, podemos fazer melhor. Queremos paz.

5.   Respeitar a diversidade de abordagens: depois escrever em blogs e defender os direitos da educação das meninas, Malala, seguidamente, sobreviveu a um violento, tornando-se uma porta-voz inspiradora ao nível global durante a sua dramática convalescença; ela ainda está na escola secundária. O sr. Satyarthi desistiu da sua carreira como engenheiro elétrico há mais de três décadas atrás, para criar o Bachpan Bachao Andolan, ou Movimento Salvem a Infância, liderando o caminho para eliminar o tráfico de crianças e o trabalho infantil na Índia.

6.   Respeitar a diversidade da fama: Malala é um dos rostos e nomes mais conhecidos no mundo, respeitada pela sua coragem, pela sua eloquência e pelos seus apoios. Satyarthi, apesar de ter dedicado décadas ao assunto, é praticamente um desconhecido fora do seu país e da causa, mostrando que não é preciso ser famoso para causar impacto.

À medida que aprendemos mais sobre a escolha do Nobel, tenho certeza que vamos descobrir muitas mais lições nos exemplos inspiradores e contrastantes destas duas vidas incríveis. No seu todo, pude ler outra mensagem nas entrelinhas: o princípio Bahá'í de que todos são necessários para construir a paz. Precisamos de compromisso, tal como estes dois heróis têm mostrado, e precisamos de respeitar as nossas diferenças, aumentando a persistência, a probabilidade e a força de paz numa escala global. Acima de tudo, precisamos de unidade.

Parabéns Malala e sr. Satyarthi! E que os nossos próprios esforços vos deixem orgulhoso.

------------------------------------------------------------ 
Texto original: 6 Important Lessons from the Nobel Peace Prize (bahaiteachings.org)

 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 

Homa Tavangar Sabet é autora do conhecido livro Growing Up Global: Raising Children to Be At Home in the World. Este livro foi muito bem recebido pela crítica da BBC, NBC, ABC, Washington Post.com, Chicago Tribune, Boston Globe, PBS, FoxNews.com e Huffington Post. Este livro tem servido de base para diversas iniciativas nos EUA que pretendem ajudar diversas audiências (desde administradores de empresas a educadores de infância) a viver melhor num mundo global.

Sem comentários: